“Da ótica do terapeuta Padovan, -ser terapeuta- é criar uma conexão profunda com o paciente e com a família. É saber adaptar o tratamento a cada dia, para otimizar os resultados e ter empatia com o paciente a cada etapa do processo.”
O Método Padovan de Reorganização Neurofuncional, desenvolvido pela fonoaudióloga Beatriz Padovan, é uma abordagem terapêutica que recapitula as fases do neuro-desenvolvimento, usadas como estratégia para habilitar ou reabilitar o Sistema Nervoso.
O Método Padovan recapitula o processo de aquisição do Andar, Falar e Pensar de maneira dinâmica, estimulando a maturação do Sistema Nervoso Central, com intuito de tornar o indivíduo apto a cumprir seu potencial genético e à adquirir todas as suas capacidades, tais como locomoção, linguagem e pensamento.
PARA QUE SERVE?
É usado como estratégia para impulsionar o desenvolvimento, como nos casos de atraso e distúrbios do desenvolvimento; para melhorar a qualidade de funcionamento e integração do Sistema Nervoso, e nos casos de disfunções tais como: transtorno de aprendizagem, hiperatividade, distúrbios e dificuldade de atenção e concentração, (TDAH) etc.
PARA QUAL IDADE?
A técnica pode ser aplicada em todas as faixas etárias, do bebê à terceira idade, com excelentes resultados. Para ser aplicado, o Método Padovan não necessita sequer da colaboração do paciente, pois não é preciso que seu nível de consciência esteja normal para que as estimulações tenham efeito.
Fonte: http://metodopadovan.com
PALAVRAS DA BEATRIZ PADOVAN
Entrevistada por Anna Ruth Dantas ao Tribuna do Norte
RELATO DE UMA MÃE
“Em Julho de 2007 , quando trouxe meu único filho Davi , com 2 anos e 7 meses , para receber a fonoaudiologia Padovan, estava desesperada pois acabara de receber um diagnóstico da neuropediatra, após diversos exames , de que o mesmo tinha Síndrome de transtorno de desenvolvimento , do espectro autista , o qual ela denominou de autismo atípico. Já faziam seis meses que estava tentando obter um diagnóstico ou um tratamento , primeiramente a psicóloga , avaliou-o e apontou diversas características do autismo como : comportamento repetitivo ( rodava , subia e descia escadas sem parar , girava as rodas dos carrinhos e velocípedes , abria e fechava portas e janelas sem parar e era obcecado por ventiladores) , ausência completa de linguagem (não falava nada , nem mãmã) ,baixa interação social (nem olhava para o pai e tinha pavor de outras crianças , dos primos e dos avós , não entendia nada , nem quando chamávamos pelo nome) ,estereotipias (se balançava muito ou ficava rodando sem parar) ; após esta avaliação partimos para os exames audiométricos e levamos-o a uma fonoaudióloga tradicional , que juntamente com a otorrinolaringologista , indicaram para a nossa felicidade a fonoaudiologia Padovan. Acho que Deus escutou minhas orações , pois tinha muita esperança que ele pudesse melhorar um pouco ,embora tivesse escutado da médica e da sua psicóloga que ele não fosse falar e, nos livros sobre autismo que li e na internet, só via que esta doença não tinha cura . Na primeira vez que conversei com Dra. Yara , ela me garantiu que ele iria falar e que eu me acalmasse pois ele iria melhorar , não acreditei muito , mas tinha muita esperança que isto acontecesse . Começou fazendo 4 vezes na semana , chorando e esperneando muito , ficava muito angustiada , mas ela me dizia que era melhor ele chorar naquele momento do que eu eu chorar depois e ela estava certíssima , pois logo no primeiro mês ele começou a mudar , achava que esta terapia servia somente para a fala, mas descobri que tratava o paciente em todos os sentidos , tanto no comportamento , como no organismo todo . Parecia que Davi estava acordando para a vida , via meu filho , parado no tempo , voltando a se desenvolver . Começou a se interessar por outras crianças ,tentava imitá-las . Com o passar dos meses começou a balbuciar músicas e números . Ficávamos o tempo todo em casa ensinando-lhe a brincar com seus brinquedos , que antes nem olhava e passamos a tentar ensiná-lo a interagir com outras crianças . Parou de se balançar e bater com a mãozinha aos poucos , parecia que tava começando a entender o que a gente falava, aprendeu até a beijar . Até que começou a falar “cacai” (papai) , “gua” (água ), etc . Nossa família , amigos e escola começaram também a notar a sua evolução . Foi uma felicidade enorme ! Comemoramos seu aniversário de 3 anos em dezembro de 2007 e ele curtiu bastante sua festinha , cantou até os parabéns , diferente dos parabéns dos 2 anos que queria fugir e se esconder das pessoas , não deu nem para tirar fotos . No ano seguinte começou a brincar com os coleguinhas da Escola e falar palavrinhas soltas , passou a interagir bem com as pessoas , depois veio as frases curtas .Começou a dizer seu nome “Dagui Neco”(Davi Netto) , quando perguntavam. Ficamos tão feliz que até levamos para uma viagem longa , para a Disney e ele se comportou bem , aproveitou muitos brinquedos , por incrível que pareça. Ainda tinha algumas crises de birra quando era contrariado nas suas vontades , mas Dra. Iara me falava que aquilo iria passar com o tempo .Após 1 ano retornei a neuropediatra e ela constatou um desenvolvimento cerebral muito grande e descartou autismo , disse que era apenas a síndrome .No ano seguinte mudou , de novo , para um transtorno muito leve . Hoje ele está com 5 anos e 10 meses e na terapia há 3 anos e 3 meses , que para ele se tornou uma brincadeira . Todas aquelas características sumiram completamente. Faz três vezes na semana a terapia , já até me perguntou o porquê de fazer a mesma e respondo que é para ele se sair cada vez melhor em tudo que faz . Tudo aquilo para mim faz parte do passado , Davi atualmente é uma criança normal como as outras da sua idade , independente , meigo , carinhoso , fala absolutamente tudo corretamente , brinca com os colegas da escola em casa e em suas casas , até mesmo sozinho , sem babá , brinca bem com os primos , vai super bem na escola , já está lendo bastante e escrevendo também , me conta histórias ,me relata tudo o que acontece com ele quando está na escola; faz natação e judô e entrou no futebol ,sua grande paixão. Também adora música , canta até em inglês! Minha casa , hoje , é muito alegre ,pois sempre está cheia de amiguinhos de Davi , que é uma criança muito amada e querida por todos. Agradeço muito a Deus por ter colocado ele no caminho certo de tratamento com esta grande profissional , Dra. Yara , tão competente e respeitada , a qual sou eternamente grata.”
Natal,23/10/2010
Ângela Santos Rocha.
ARTIGOS SOBRE O ASSUNTO
Um tema tão falado ultimamente e que vem aumentando cada dia mais os diagnósticos… merece um destaque aqui no nosso blog!
“O transtorno do espectro do autismo (TEA) é caracterizado por déficits persistentes na capacidade de iniciar e sustentar a interação social recíproca e a comunicação social, e por uma série de padrões de comportamento e interesses restritos, repetitivos e inflexíveis. O início do distúrbio ocorre durante o período de desenvolvimento, tipicamente na primeira infância, mas os sintomas podem não se manifestar até mais tarde, quando as demandas sociais excedem as capacidades limitadas. Os déficits são suficientemente severos para causar prejuízo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento e são geralmente uma característica penetrante do funcionamento do indivíduo observável em todos os contextos, embora possam variar de acordo com aspectos sociais, educacionais ou outros contextos” (CID 11).
O novo número apresentado pela rede CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos publicou um novo relatório sobre a prevalência de TEA, sendo um em cada 59 crianças.
Vamos agora descrever as cinco áreas de funcionamento cognitivo e social afetadas no autismo que podem ser observadas em crianças até seis anos:
– A primeira área consiste na ausência ou dificuldade para direcionar a atenção espontaneamente para o estímulo social.
– Uma segunda área, talvez em decorrência da anterior, é a atenção compartilhada, ou seja, a habilidade para
compartilhar, seguir ou direcionar a atenção em conjunto com outras pessoas que, tipicamente, já está presente em crianças ao longo do primeiro ano de vida e dá suporte para o desenvolvimento linguístico e o desenvolvimento de habilidades sociais subsequentes.
– A terceira área prejudicada é o processamento de informações faciais. Desde os primeiros momentos após o nascimento, a criança com desenvolvimento típico direciona o olhar e a atenção em geral para faces humanas. No autismo, há o evitamento do contato visual com outras pessoas, o que, por sua vez, pode ocasionar perda de importantes dicas não-verbais nos processos comunicativos.
– A quarta área está relacionada a imitação motora, pois, enquanto as crianças com desenvolvimento típico já iniciam imitações motoras em algumas poucas semanas após seu nascimento, crianças com TEA apresentam déficits na imitação espontânea e imediata de movimentos básicos de mãos, rosto e outras partes do corpo, assim como no manuseio.
– A última destas cinco dimensões envolve o nível de respostas à dicas emocionais de outras pessoas. Pessoas com TEA apresentam dificuldades de reconhecer emoções baseadas em dicas vocais e visuais e reagem com desinteresse ou repúdio às emoções expressas por meio de comportamentos diversos de outras pessoas.
As crianças que se enquadram no TEA frequentemente apresentam alterações importantes de linguagem, sejam elas de ordem compreensiva ou expressiva, especialmente em seu aspecto funcional e da comunicação. (Fernandes et. al. 2004). A linguagem compreensiva está relacionada à compreensão das informações, bem como a execução de ordens simples e complexas, já a linguagem expressiva é a linguagem verbal, a fala propriamente dita, incluindo os aspectos sintáticos, fonológicos, dentre outros, importantes para a comunicação social.
Diante desse aumento considerável de crianças com TEA, é sabido que elas podem necessitar de intervenções precoces como Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, Musicoterapia, dentre outras abordagens, de acordo com cada caso diagnosticado clinicamente.
A intervenção precoce é extremamente importante e consiste no atendimento, por parte de uma equipe multidisciplinar, dirigido à criança e à família, com o objetivo de reduzir ao máximo os efeitos dos fatores de risco, como os distúrbios da interação, na linguagem e no desenvolvimento da criança (Costa, 2014).
A Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia alerta: crianças a partir de 2 anos que ainda não aprenderam a falar ou que falam de forma confusa podem ter o chamado Distúrbio Específico de Linguagem (DEL), que afeta de 5% a 7% dos bebês nascidos a cada ano.
Essa é uma patologia que afeta a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. A criança é inteligente, ouve bem, não tem nenhuma lesão cerebral, mas seu cérebro funciona de forma diferente, dificultando o aprendizado — explica Debora M. Befi-Lopes, coordenadora do Departamento de Linguagem da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
A DEL não tem cura, mas o tratamento permite que a criança siga seu desenvolvimento e seja um adulto capaz de se relacionar e trabalhar. Para o bom resultado do tratamento, porém, é fundamental o diagnóstico precoce. Pais e professores precisam estar atentos aos sinais de que algo não está bem com a criança. Veja no quadro abaixo os principais sintomas do Distúrbio Específico de Linguagem.
“Para diagnosticar o distúrbio é utilizado um critério de exclusão de outros quadros, como deficiência auditiva e intelectual e autismo. A criança com DEL tem um desempenho em comunicação abaixo do esperado para sua idade. Ela brinca e interage, mas a linguagem não acompanha essa evolução”
Com o auxílio da terapia fonoaudiológica, é possível melhorar o desempenho no processo de comunicação por meio do desenvolvimento de habilidades.
“É comum que algumas dificuldades permaneçam, pois é um distúrbio na organização da arquitetura cerebral para o processamento de informações linguísticas. Contudo, trabalhamos para que elas sejam minimizadas, melhorando as condições para a aprendizagem da linguagem e, assim, a criança pode atingir um aprendizado satisfatório”, explica a Dra. Noemi Takiuchi.
Caso o indivíduo não tenha um acompanhamento adequado, poderá apresentar problemas em toda a fase escolar, uma vez que a linguagem perpassa todas as disciplinas. O DEL também pode afetar o aprendizado da leitura e escrita, além de interferir na interação social.
Portanto, em caso de atraso de linguagem, procure um fonoaudiólogo o quanto antes, para avaliação e uma possível intervenção à tempo.